Mostrando postagens com marcador são paulo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador são paulo. Mostrar todas as postagens

terça-feira, julho 15, 2008

Invisibilidade Quebrada


*Sobe o pano*

Final de semana Maria Renata foi pra Sampa. Encontrou com a Jô e Du, foram para o Noitão no cine HSBC Belas Artes, na Consolação. Logo após o primeiro filme, o casal parte e ela fica só.

Durme um pouco durante a segunda película, que acha chata. Mas fica vidrada no terceiro e último, que é muito bom. Sai do cinema umas 6h00. A fila para o café oferecido no cinema está enorme, então ela desiste e vai tomar café no BH, na Augusta.

Depois do café, retoma seu caminho e contorna o quarteirão, sobe de volta para a Paulista pela Frei Caneca. Vê que o sol está nascendo e resolve só entrar no metrô quando este já estiver aparecendo no céu. Assim, põe-se a caminhar, curtindo a solidão, feliz porque se tornou um ser invisível e a probabilidade de encontrar com alguém por ali era mínima. E mais feliz tb porque não estava na sua cidade.

Até que um grupo de meninos se aproxima, um deles aponta para Maria Renata e diz:

- Pra ela eu dou sete!

E o seu amigo completa:

- Ela é de Mogi! É de Mogi!

Maria Renata franze o cenho e entra na estação Brigadeiro do metrô, brava, com metade do sol aparecendo no céu.

*Cai o pano*

sexta-feira, maio 09, 2008

Duas cenas

Hoje, no caminho de volta da pós, deparei-me com duas cenas no metrô que me chamaram a atenção, e foram mais ou menos assim:

Cena #1 - Estação Marechal Deodoro
Entra uma senhorinha negra, arcada, cansada... costura seu caminho por entre alguns jovens e conquista seu assento, com indicação preferencial. Fica de frente para mim e eu posso observar seus cabelos grisalhos com faixas brancas presos num coque. O olhar é cansado, ela encosta no banco. As mãos, assim como o rosto, são sulcados pelo tempo. Ela fecha os olhos, como quem dorme em paz. O metrô pára na Estação Anhangabaú, ela acorda e fica com o olhar baixo. Entra um homem, que se prostra à minha frente, segurando na barra acima do meu assento. Estico o pescoço para os lados, não posso mais vê-la porque entrou mais gente no metrô. Olho para o chão, e para minha surpresa, posso ver suas sapatilhas caramelo, amaciadas pelo tempo de uso, porque devem ser confortáveis para longas caminhadas. Até que a Estação Sé se aproxima, eu me levanto e me preparo para descer. Dou uma última olhada para ela e a deixo com Deus. Desço do metrô...

Cena #2 - Estação Sé
Desço as escadas rolantes sem pressa. Vejo que o metrô já chegou na plataforma e que dá tempo de entrar no vagão, então corro um pouquinho e o alcanço. Apóio-me numa barra lateral (sou baixinha demais para segurar na barra de cima, é sempre desastroso quando tento me equilibrar lá) e olho para o lado. Uma criança dorme no colo do avô, que a afaga distraidamente. Fico presa à cena até a Estação Luz, quando o avô acorda o neto, que não quer abrir os olhos. Então ele começa a fazer cócegas no menino, que com algum custo se levanta. Ele olha para o próprio reflexo na janela do metrô, e o avô aponta para a imagem refletida do neto e diz: "olha só, um palhacinho!". As portas se abrem, e avô e neto saem de mãos dadas. Uma mulher, que também observava a cena, comenta rindo: "se fosse a vó já tava carregando no colo!", dou risada e ela desce na Estação Tiradentes. Continuo meu caminho sem nenhuma outra cena...

Duas cenas distintas. Nas duas, o amor presente.


----------------
Now playing: Paul McCartney & WINGS - Country Dreamer
via FoxyTunes