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quarta-feira, maio 14, 2008

Clichê, pero no mucho

Ele me promete um livro que não se encontra mais em nenhuma livraria ou sebo, mas porque tem uma cópia sobrando na estante. Passa todo o período em que fatalmente nos encontraremos me prometendo o presente, até que a data expira e não nos vemos mais com a mesma frequência. Mas num dado evento, nos encontramos e ele diz que finalmente dará a cópia do livro que me prometeu, anota meu endereço e telefone, diz que vai passar na minha casa pra me dar o presente e que me liga durante a semana para combinar.

E ele de fato liga! Pede pra que eu explique como faz pra chegar na minha casa para não se perder. Eu explico, e sabendo que logo ele tocará o interfone, troco de roupa - afinal, recebê-lo de pijamas seria um tanto quanto vexatório.

Assisto TV enquanto ele não chega, está passando Razão e Sensibilidade pela enésima vez no canal A&E Mundo, e eu estou vendo pela enésima vez tb, confortavelmente, de calça jeans, uma blusa cacharrel, um casaco de moleton levemente velho, meias amarelas com listras pretas e chinelos. Claro, eu não pretendo sair, e além do mais, eu adoro usar chinelo com meias dentro de casa.

E eis que o interfone toca. É ele. Saio à porta, ele está de pé, todo simpatia, todo sorrisos, tão vermelho quanto eu, não por vergonha, mas pelo tempo frio que queima as bochechas. Me abraça e me beija a face, diz que finalmente vai me dar o livro, que está na sua mão esquerda. Nota que é sexta à noite, e que eu não demonstro sinais de quem vai sair, por isso me convida para jantar fora: "vamos numa cantina italiana"!

Se fosse simplesmente para colocar o tênis e sair, ótimo. Mas eu preciso me arrumar, preciso estar à altura do evento, afinal ele está bem vestido e perfumado, e eu não quero parecer maltrapilha apesar de adorar andar desse jeito.

O convido para entrar enquanto me arrumo, e ele fica na sala assistindo o resto de Razão e Sensibilidade na TV, inclusive me diz que Hugh Laurie, o Dr. House da série da Universal, é coadjuvante do filme e que ele é muito amigo da Emma Thompson. Eu digo, "nossa, eu nem imaginava, que legal, é mesmo?", achando aquela nova-intimidade um tanto estranha e me retiro.

Fico pronta em 15 minutos, saio do quarto pensando que a linha preta que fiz com lápis na pálpebra inferior direita ficou torta, mas ele se levanta do sofá, eu desligo a tv, tranco a porta e vamos para o tal restaurante.

Fazemos nosso pedido, peço gnocchi, afinal faz muito tempo que não como isso, e ele pede espaguete à putanesca. Pedimos vinho e conversamos sobre amenidades, carreiras, casualidades. Os pratos chegam, o que não nos impede de continuar conversando. E quando nos damos conta, já estamos ali há duas horas e quarenta e cinco minutos conversando, um tanto tontos e mais vermelhos, dessa vez pelo vinho.

Após ouvir uma piada, pouso minha mão sobre a dele, ele pousa sua taça de vinho sobre a mesa e me encara. Clima no ar. Frio na barriga. Será o minuto que antecede o beijo? Ele aproxima seu rosto ao meu. Estamos quase de lábios colados.

Mas eu não consigo continuar escrevendo esse parágrafo. Simplesmente travo. Enquanto vc lê estas linhas, saiba: eu não consigo continuar a cena além do parágrafo acima.

Tudo porque soube que, tanto quanto eu, ele também gosta de homens, e por isso minha cabeça não consegue fantasiar mais que isso. Mas quem sabe não sejamos amigos, quem sabe ele não me ajude a escolher o homem apropriado para mim? Todos os meus amigos gays têm um ótimo gosto para isso, por que não ele també?

Eu sei, isso é um tanto quanto frustrante. Era bom demais para ser verdade! E de qualquer forma, eu sempre vou olhar pra ele e pensar feito caminhoneiro, "ô lá em casa"...

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Now playing: Paul McCartney & WINGS - Mamunia
via FoxyTunes

sábado, agosto 04, 2007

Roberto Carlos - Como Dois e Dois

Quando você me ouvir cantar, venha, não creia, eu não corro perigo. Digo não digo não ligo, deixo no ar, eu sigo apenas porque eu gosto de cantar. Tudo vai mal, tudo. Tudo é igual quando eu canto e sou mudo... mas eu não minto, não minto. Estou longe e perto, sinto alegrias, tristezas e brinco. Meu amor, tudo em volta está deserto, tudo certo, tudo certo como dois e dois são cinco. Quando você me ouvir chorar, tente, não cante não conte comigo. Falo, não calo, não falo, deixo sangrar. Algumas lágrimas bastam pra consolar. Tudo vai mal, tudo. Tudo mudou, não me iludo e contudo... A mesma porta sem trinco, o mesmo teto e a mesma lua a furar nosso zinco. Meu amor, tudo em volta está deserto, tudo certo. Tudo certo como dois e dois são cinco. Cinco!