Faltava muito pouco e eu já estava quase morrendode ansiedade. Até que apagaram as luzes e o maior telão de LCD do mundo começou a exibir uma animação em 3D: planetas, estrelas, o cosmo. Impossível não sentir as pernas bambearem e não começar a berrar. Estou do lado da Elissa, e ela me diz: "Eles bem que podiam abrir com 'Hammer To Fall', né?", e dali a pouco a música explode do palco. Vc passa a vida inteira ouvindo aquelas canções, e depois de uns poucos acordes, reconhece: é Hammer To Fall!
Entre as luzes piscantes, procuro desesperadamente por uma cabeleira morena no palco. Não demora muito e lá está ele: Brian May com sua clássica guitarra vermelha. Quando fixo o olhar pra frente, vejo que estou em linha reta com Roger Taylor, atrás da bateria. Será que um dia eu poderia imaginar que presenciaria os dois sobre um palco? Claro que não tínhamos John Deacon, que resolveu não excursionar mais. Um fato: se ele, o vocalista, ainda estivesse vivo, eu não estaria no Via Funchal a 30 metros do palco, e sim num estádio de futebol, a um quilômetro da banda. E se eu já me sinto anestesiada até agora, se ele estivesse vivo, imagino como estaria se eu tivesse visto na minha frente o Freddie Mercury.
Confesso que só fui descobrir quem realmente era o Paul Rodgers no final do show, que durante 2 horas e meia permaneceu simpaticamente sobre o palco, na dele. Afinal, tomar a frente do Queen como vocalista demanda certa responsa, certo? Mas ele representou bem sua função, cantando até algumas músicas do Bad Company e do Free. E falar o que, se o próprio Freddie Mercury queria que fosse assim?
Um contrabaixo acústico surge e a banda sai do palco, fica apenas o baixista tocando as notas no braço do instrumento e Roger Taylor batucando nas cordas, tirando o comecinho de "Under Pressure" e "Another One Bites The Dust". Daí ele senta na bateria ao lado, a banda volta e ele manda a sua "I'm In Love With My Car", tocando tão perfeitamente que pareceria um playback, não fosse a forma como era cantada.
E é claro que o golpe baixo estava reservado para o encerramento do show. O palco fica vazio e novamente o maldito telão passa um vídeo do Freddie Mercury cantando a primeira parte de "Bohemian Rhapsody", entoada praticamente como uma oração. O resto da banda só volta na segunda parte, quando estoura o rockão. Em seguida, agradecem a platéia e se retiram.
Evidente que eles voltariam para o bis. Antes do show, na fila, estavam distribuindo pulseirinhas fluorescentes a rodo. Enquanto a banda não voltava, um gênio no camarote teve a idéia de jogar uma pulseirinha na platéia da pista. Resultado: uma chuva multicolorida de pulseirinhas fluorescentes iluminou o teto da casa de shows, porque todo mundo resolveu jogar pulseirinhas pro alto também.
Enfim, eles voltam e fecham com duas músicas do álbum novo ("Cosmos Rock") e com as clássicas "We Will Rock You" e "We Are The Champions". Tendo em consideração que Queen é a banda que eu ouço desde quando estava na barriga da minha mãe, acho que não preciso dizer mais nada, né? Simplesmente o dia mais feliz do meu 2008, que foi iluminado pela alma de um ser incomum que, tenho certeza, só estava ausente dali de forma material...
1- Platéia sincronizada batendo palmas em "Radio Ga Ga", como reza a coreografia;
2- Brian May tocando "Bijou" sozinho no palco com vídeo do Freddie Mercury cantando no telão;
3- O mesmo Brian enxugando as lágrimas do rosto ao final de "Love Of My Life", emocionado;
4- Descobrir que o Paul Rodgers é responsável por "All Right Now" (a maioria fez cara de "aaahhhh"),
5- Cantar "We Are The Champions" segurando a bandeira do Freddie Mercury.
Set List - 26/11/2008:
Hammer To Fall
Tie Your Mother Down
Fat Bottomed Girls
Another One Bites The Dust
I Want It All
I Want To Break Free
C-Lebrity
Surfs Up…Schools Out!
Seagull
Love Of My Life
39
I’m In Love With My Car
A Kind Of Magic
Say Its Not True
Bad Company
We Believe
Bijou
Last Horizon
Under Pressure
Radio Gaga
Crazy Little Thing Called Love
Show Must Go On
Bohemian Rhapsody
Bis:
Cosmos Rocks
All Right Now
We Will Rock You
We Are The Champions
***Ainda queria lembrar que hj é aniversário do meu querido amigo e eterno parceiro de pista, Arthur Netto, que completaria 33 anos deste calendário mundano, chato e sem graça. Pessoa ímpar que faz muita falta. Feliz aniversário, bruxo!***